Do cérebro à cultura: emoções como motor da organização

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Durante décadas, falar de emoções no trabalho era visto como sinal de fragilidade. Emoção era tratada como algo privado, que cada um deveria “controlar” para não atrapalhar a racionalidade do negócio.

Mas a neurociência trouxe uma virada: as emoções não são abstrações, nem sentimentos vagos. Elas têm origem no cérebro, como estados que preparam o corpo e a mente para a ação. Só se reconhece uma emoção quando ela se manifesta em comportamento — no agir, no decidir, no relacionar-se.

Isso muda tudo: as emoções não ficam “dentro” da pessoa. Elas são contagiosas, compartilháveis, moldam o espaço de convivência e, no coletivo, constituem um verdadeiro campo emocional social.

Do individual ao coletivo: o campo emocional

  • Emoção pessoal é a experiência interna de cada indivíduo.
  • Emoção social aparece quando esse sentir se expressa e  é percebido em comportamentos, e compartilhado.

Nesse movimento, emerge o que chamamos de campo emocional coletivo — a dimensão onde as emoções deixam de ser apenas vivências subjetivas e passam a organizar o conviver.

Esse campo é mais profundo do que o simples “clima organizacional”. Enquanto o clima pode mudar com uma decisão pontual, o campo emocional revela o fundamento do conviver (Maturana), se comporta como uma totalidade de forças em interação (Lewin), manifesta-se em estados emocionais grupais (Bion) e tem como suporte uma base neurológica precisa (Damasio).

👉 Essa convergência mostra que a cultura não se explica apenas por crenças e valores declarados: ela é tecida, no dia a dia, pela qualidade desse campo emocional compartilhado.

Emoções sociais em ação: três exemplos

  1. O prazo impossível O estresse de cada pessoa, somado ao dos demais colaboradores  vira, um campo coletivo de pressão e medo. O resultado é queda na cooperação e mais erros.
  2. A celebração compartilhada O orgulho pessoal de cada contribuição se conecta e gera um campo de pertencimento que fortalece a cultura.
  3. A ausência de informação A insegurança individual se transforma em desconfiança social — não porque “o clima mudou”, mas porque o campo emocional coletivo se reconfigurou.

Por que o campo é mais estratégico que o clima

O “clima” pode ser alterado por uma ação tática ou por uma política temporária. Já o campo emocional coletivo é mais estável e revela as forças invisíveis que estruturam a cultura:

  • se prevalece a confiança ou o medo,
  • se há espaço para a curiosidade ou o conformismo,
  • se a energia coletiva se expressa em coragem ou paralisia.

É esse campo que determina o alcance real dos objetivos estratégicos.

O papel da liderança

Líderes não apenas transmitem ordens: eles modulam o campo emocional coletivo com cada gesto.

  • Uma escuta genuína pode ativar confiança.
  • Uma decisão ambígua pode instalar dúvida.
  • Uma celebração pode amplificar orgulho e pertencimento.

Cada ato de liderança é, ao mesmo tempo, uma decisão cultural e uma intervenção no campo emocional.

Conclusão

O que a neurociência trouxe de novo à gestão foi esse entendimento: emoções são estados cerebrais que se revelam em comportamentos, mas ganham força quando se transformam em campo coletivo.

A PotentialGrowUP integra e sintetiza diferentes tradições — o fundamento do conviver, a totalidade de forças sociais, os estados emocionais grupais e a base neurológica das emoções — para afirmar que: 👉 mais do que clima, é o campo emocional coletivo que sustenta (ou bloqueia) a cultura organizacional.

E a pergunta estratégica que fica é: que campo emocional sua organização está cultivando?

📚 Nota bibliográfica curta

Este artigo se inspira em diferentes contribuições teóricas:

  • Humberto Maturana – as emoções como fundamento do conviver.
  • Kurt Lewin – o comportamento como função da pessoa em interação com a totalidade de forças sociais.
  • Wilfred Bion – os estados emocionais grupais que orientam condutas coletivas.
  • Antonio Damasio – a base neurológica das emoções como gatilho do comportamento.

A PotentialGrowUP integra essas tradições e propõe a noção de campo emocional coletivo como chave para compreender e transformar a cultura organizacional contemporânea.

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